sábado, 27 de fevereiro de 2016

Pastel de irmão





























"Adoro viver num sítio onde mereço as estações do ano". 
Há sempre uma frase, um olhar, um cheiro, um toque que nos toca. 
O Inverno impressiona-nos. Pelo condicionamento e resistência do que é natural. Recolhimento. Repouso. Escutar o silêncio.

Hoje foi dia de pastéis de chocolate. Visitou-nos o nosso querido amigo Francisco. Que bem que dança, vibração genial ainda meio descoordenada normal da sua idade. Integrará a seu tempo, consumará os sons que lhe são ruído com aqueles que lhe criam ressonância.  Aos pastéis de chocolate seguem-se músicas e danças. Sorrisos expansivos em curtos devaneios. Lembrar que o Inverno caminha lento, mas que dentro do corpo o sangue quente não nos deixa esmorecer.



Ingredientes
30 a 40 unidades
1 chávena de farinha de espelta
1 chávena de leite de coco
1 chávena de coco ralado
1/2 chávena de leite de arroz
1/2 tablete de chocolate
1/2 c. colher de café de sal dos Himalaias
Cacau (sem açucar) para polvilhar

Direcções
Num robot de cozinha colocar o coco ralado e o leite
Juntar o chocolate já partido em pedaços pequenos
Triturar/misturar
Num recipiente colocar a farinha e o sal
Envolver as duas misturas, acrescentar o leite de coco
Colocar o forno a 180º
Forrar o tabuleiro com papel vegetal
Distribuir a mistura com 2 colheres de sobremesa (formando pequenos pasteis)
Polvilhar com cacau
Colocar no forno por 25/30m controlando a consistência


Obrigada,
Cláudia

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016


Múltiplos Asiáticos

Quando nos apaixonamos por um ser humano não é fácil o desapego, a posse, o poder. Perdemos muitas vezes a nossa individualidade. Pego delicadamente num vegetal e observo a sua autonomia. O seu valor, o seu lugar no mundo. Degustar sabores distantes é percorrer um caminho longo, é desistir da ideia de separação no tempo. Escolha, visualização, materialização, aqui o processo revela-se mais interessante que o resultado final. E então torna-se um desafio, o desafio de terminar, falhar ou vingar. Agradecer a oportunidade de errar, de poder continuar a tentar.

Pak choi









































Nirá, (allium tuberosum). O nirá tem um sabor forte a alho.

Sopa com estilo asiático
serve 1

Ingredientes
1/2 pak choi
4 ramos de nirá
2 dentes de alho esmagados
1/2 malagueta
1 dl de leite de coco
1 c. de chá de óleo de coco
2 rabanetes
1 caneca de água fervente
1 c. café de sal marinho
1 rodela de gengibre (5mm de espessura)
1/2 colher de café de açafrão bio
2 cardomomos
1 dose de soba
1/4 de lima

Direcções

Cortar os rabanetes em rodelas finas
temperar com uma pitada de sal
Reservar

Lavar bem a pak choi
Cortar ao meio
Numa frigideira com grelha deixar cozinhar com uma pitada de sal (virando)

Lavar bem o nirá e cortar em pedaços
(pode ser substituído por coentros)

Colocar o óleo de coco num tacho com os alhos esmagados, o gengibre, o cardomomo e a malagueta
Refogar levemente

Deitar o leite de coco, sal e o açafrão
Deixar fever durante 8/10m (para largar o sabor das especiarias)
Juntar a água fervente e a soba.
Cozinhar por 4m

Servir numa taça funda.
Colocar os rabanetes, o nirá e o pak choi (opção cortado)
Espremer a lima e deixar acentar





Que delícia!
Obrigada,
Cláudia

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Sincronicidade

Muito mais do que uma voz, uma imagem, um alimento, um carinho, há uma tentativa de não nos sentirmos sós.

Bolachas de Santo
Serve 2

Ingredientes
1 c sopa (bem cheia) de coco fresco
6 c. sopa de farinha s/ fermento
4 c. açúcar mascavado
1 ovo biológico 
1 c. sopa de sementes de sésamo
5 c. sopa de bebida de aveia
1 pitada de sal fino (utilizei sal dos Himalaias)
4 c. sopa de doce de cereja ou frutos silvestres (sem açúcar)

Direcções
Utilizar um robot de cozinha (ir colocando e misturando os ingredientes)
1. Coco fresco (triturar)
2. Farinha, açúcar
3. Ovo, sal
4. Finalizar a mistura colocando a bebida de aveia
Pré aquecer o forno a 180º
Num tabuleiro forrado com papel vegetal, colocar a mistura.
Espalhar com a ajuda de uma espátula numa camada de 5mm
Colocar o doce com uma c. de chá (numa espécie de círculos repartidos pelo todo)
Espalhar as sementes de sésamo, circundando o doce
Cozinhar entre 30 a 40m
Partir desordenadamente (à mão)

Obrigada,
Cláudia






sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Texturas e cores, nem tanto sabores








Um caso inacabado. Na cor cresceu empatia alargando os poderes da memória. Podemos pensar que nada do que criamos é inovador, mas não podemos questionar a ressonante vibração com o "eu". Num todo estamos nós em partes. 
Às vezes sonho que os meus braços são ramos de árvores, em mim crescem amores, a brisa que passa entre os dedos respira a fragrância das flores que se desprendem na Primavera.

Beterraba, couve-flor, nabo, amêndoas, sementes de linhaça e sésamo. Sal e um caril caseiro, esquecido sem indicação do que lhe combina. Pelo cheiro tem canela e funcho. Provo, está ardente.
No forno vão secando e largando a água que lhes pertence. A textura é estranha, a cor esmoreceu e trouxe uma nova emoção. Não desconsideremos a tristeza, faz parte.
Este dia revelou-se intenso, completou-se com a esperança do que poderá vir até nós. 


Ao segundo dia juntou-se a acelga. 

Quando nos deslocamos do ângulo comum, tudo muda.
A mistura desidratada envolveu-se em azeite, açafrão e sal. As folhas foram salteadas e terminaram em terno encosto. Larguei os talheres. Resolvi comer com as mãos lembrando a cultura Indiana que sussurra baixinho em lembranças coloridas de sons divinos e crentes. Quando se sente um cheiro, vem um tempo, recorda-se um momento. Um passado que se quer santo.





Obrigada,
Cláudia

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Beterraba e nabo.



Ontem caminhei até ao largo do Intendente. Queria sentir o frio na cara.
Precisava arejar ideias, ver pessoas, procurar inspiração e ouvir a intuição.
Da Fruta Feia trouxe beterraba e nabo, grandes. Não cabiam na minha mão. Uma coincidência rara a caminho de um projecto. Vão ser ingredientes importantes. Pela cor, sabor e versatilidade. 
Experimentar o descomplicado.
Olhar para as raízes e perceber que o vento que nos toca é uma carícia constante da natureza que não nos pertence.





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

O "Gilda". E com quem caminha.


Gilda 2012

Conheci o "Gilda" pelas ruas de Campo de Ourique, em olhares discretos de curiosas questões que se atravessam, assim de vez em quando. Quando provei o "Gilda" senti afinidade. Prazer da uva que cresce, colhida na vindima, espremida, atentamente cuidada por quem (a) entende. Acondicionada e rotulada com cuidado. Aqui há alma.

Conto o que sinto, o que cheiro, empatia com o palato. Enquanto a apaixonada relação reside, Tó Trips e as tâmaras, levemente picantes e salgadas se esbarram.
O "Gilda" sabe a terra, a autentico. Gosto de o partilhar, oferecer a quem não o conhece, contar o que há para contar. Imaginar e deixar estar.

http://www.tiago-teles.pt/



Tâmaras medjool salgadas


Ingredientes
150gr de tâmaras medjool
1/2 c. de café de flor de sal
1/2 malagueta
1 c. café de óleo de coco

Direcções
Cortar as tâmaras em gomos
Saltear no óleo de coco, lume forte
Adicionar o sal e a malagueta
Deixar caramelizar, tostando

Obrigada, bons brindes.
Cláudia

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Aroma a café


Café é aroma da manhã, de começo de dia, de paragem num silêncio interior que nos inspira.
O cheiro intenso da moagem, do grão torrado. As variações são imensas. Para quem gosta dele intenso, suave, aguado ou em sobremesas. Não é maravilhoso quando admiramos o versátil?
Eu gosto do café do Pena, nome da mercearia mais antiga das Caldas da Rainha. A percentagem de café é reduzida mas a mistura dos diversos cereais é perfeita. É para ir bebendo.
Café, não é de todos os dias. Não há datas, há momentos.

Monte Café, São Tomé e Príncipe. Café Arábica, 100% biológico.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Coco assado na ilha

A Aurora assava o coco lá em casa, íamos buscá-lo para as noites de quinta-feira no Café&Companhia. Eu e o Nino, o empregado do Café, no seu Opel branco com bancos composto e forrados na ausência de esponja. A decoração pendurada no espelho retrovisor balançava no caminho degradado, o alcatrão era uma jigajoga ao volante numa tentativa de contornar o incontornável. A música seguia bem alto, enquanto eu tentava conversar assuntos sérios e responsáveis sobre o Café. Mais tarde, agora não era tempo. 

Recordações daquela ilha. Rodeada de gente que sorri ao mundo e que não espera o amanhã.




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Legumes agridoce

Aipo e maçã reineta, batata doce, cenoura

Gosto de agridoce. Faz-me pensar na maturidade da vida, nos momentos ácidos e nos momentos doces. Palavras sábias vindas dum sussurro inspirador. Aceitar a impermanência dos elementos e procurar uma linha estável, com vagar.
É neste momento único que o palato se tenta definir num ponto equilibrista, mas a conquista está no indivisível, na junção de sabores, no prazer cativante do desentendimento gastronómico.

Estrategicamente finos, os legumes transpiram sabores numa ambiciosa passagem entre camadas. Em oposição crua e intensa os verdes docemente envolvidos no azeite virgem.

É tudo uma passagem breve agridoce.





Ingredientes
serve 2 (aproximadamente 250gr/300gr por pessoa)
2 cenouras médias
2 batatas doces pequenas
2 maçãs reinetas médias
50gr de cabeça de aipo
sal marinho a gosto
2 c. de sopa de azeite virgem

50gr de folhas de espinafre
50gr de agrião
1 c. café de sal marinho
1 c. sopa de azeite virgem
1 c. sobremesa de miolo pistácio

Direcções
Lavar e descascar os legumes
Cortar com mandolina (espessura de 1-2 mm)
Pré-aquecer o forno a 180º
Forrar um tabuleiro com papel vegetal
Colocar os legumes, em camadas uniformemente distribuídas
(utilizar aro de cozinha)
Finalizar regando com o azeite
Tempere com sal marinho
Levar ao forno tapado com papel de alumínio por 30m
Retirar o papel de alumínio e deixar por 15m

Lavar cuidadosamente o espinafre e o agrião
Triturar num robot de cozinha, juntamente com o sal marinho, o azeite virgem e o pistácio
(reservar parte para decoração)

Servir conforme proposto.
Obrigada,
Cláudia