segunda-feira, 30 de maio de 2016

Adaptação


E quando a vida cai num trambolhão. Levantem-se. Tomem o vosso tempo, adaptem-se, com mais intensidade. Um dia passa. Há um corpo que se move e há uma presença que não sai do seu lugar. Não é indiferença, é amor.
Ao universo que nos sustenta, à vida que nos encaminha, ao que nada se espera. A uma saudade que está para chegar.

Nabos biológicos. Morangos da Fruta Feia. Calda de mel de medronho (perdura numa leve fermentação alcoólica), sal e limão.


sábado, 28 de maio de 2016

Esperar


Ontem na marginal.
No suposto momento de saída entram os pássaros a voarem alto. Que afinal voam baixo. Na queda da noite, uma massa cinzenta de nuvens esconde o sol. São andorinhas. Belas livres, de som activo e estridente. Cruzam-se no ar, rápidas sem as conseguirmos seguir.
Ao fundo uma baía e o sol sente-se grande a querer penetrar, já sem força, é hora de descansar.
O som é surdo quando não se quer ouvir.

Vou esperar sem querer, parar de sonhar e aguardar quando me quiseres tocar.

Os pêssegos ácidos. A calda de açúcar de coco no chá de hibisco. A raspa de laranja e o pó solto de açafrão. Aconchegados.





















































Obrigada, Cláudia

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Cedo

Tanta energia, transborda. Faz-me acordar cedo, ter vontade de fazer. Assim como também há vontade de estar sossegada. Todos os momentos são grandes momentos, sem escala.

Berinjela assada com sal marinho, lima e azeite virgem.
Pesto de cebolinho e salsa (biológicos), azeite virgem, nozes e sal marinho.



domingo, 15 de maio de 2016

 Ambiguidade

Há uma clareza imensa naquilo que me ultrapassa, as tentativas de conseguir explicar os pensamentos, que rápidos em velocidade se instalam confortavelmente num estado impermanente, imperam. E quando volto aqui, sei que não existes. Em várias formas e vários formatos. Em pessoas, em sonhos, em medos, em estados com os quais não me identifico. E aí todos me olham, carregados de tudo aquilo que espelho. Nada é visível, quando estou e sou aqui. Tudo é cinematográfico e poderoso em cores e formas quando lá estou. A beleza ambígua. Um beijo sai de um sopro e chega ao ouvido de alguém. A resposta vem da natureza em forma de sorriso. Porque somos um.




Rabanetes  e favas da Fruta Feia. Doce de abóbora com gengibre feito pela minha Mãe, pinhões do quintal da Sara. Raspas de lima, sal marinho e azeite virgem. Uma salada em trânsito.

domingo, 8 de maio de 2016

Tomate

É só um tomate. Que precisou de tempo para amadurecer. A sua individualidade é o seu amadurecimento. O seu diâmetro é a sua identidade. De verde passou a vermelho. Não consegui esperar mais. Ficaria mais maduro, talvez mais doce. Mas assim está bom. Satisfez-me todos os momentos em que lhe peguei e por uns segundos percebi, dia-a-dia, que me traria qualquer coisa.
Imaginava-o finamente cortado, regado de azeite, salpicado com sal marinho e aromatizado com algumas folhas de orégãos. Não foi preciso esperar que cooperasse. Bastou amor para que nos uníssemos. Paciência. O silêncio não é um momento, é uma eternidade que se prolonga, que nos abre espaço para não nos isolarmos daquilo que não nos é diferente. A vida tornou-se leve. E continua leve.