segunda-feira, 11 de abril de 2022

Começar o dia, deixar a noite


Há muitos dias que começo o dia a cozinhar.
Hoje foram as couves. Sem óculos não lhes vejo as pontas que o agricultor arrancou.
Vai tudo, são frescas. 

Esta ação espontânea que me liga de imediato ao alimento, ao fogo e à relação que temos com aquilo que a vida nos dá. Uma afirmação que preciso de dar, em resposta ao investimento que fiz. A terra dá, nós transformamos.

Uma frase soou um dia: quero colher, não quero comprar.
Debato-me com esta relação. O verbo, a ação, a intenção, a ideia, a realização e a frustração.

Frustrante, sem resultados.
Deixar essa sensação libertar-se escorrendo, sem lhe dar importância. 
Matéria que vive o seu caminho sem pedir licença. 

Uma pausa nos conceitos, na vida, nas perguntas sem respostas.
Numa frustração que alcança o topo sem esperar que a vista seja aquilo que sempre foi.

Gratidão, 
Cláudia






domingo, 3 de abril de 2022

Feitas as contas

O que dei ou o que não dei
O que amei ou deixei por amar

Parto de uma ilha
olho para trás e observo
Estou dentro, não sinto o tamanho
Sinto a minha pequenez

Daqui parto para dentro
Quando coloco cá fora
o que mais precioso me impele


O que dei ou o que ficou por dar
O amor em pequenos gestos, ou a ausência de amor em grandes sonhos

O que ficou feito, ou o que ficou por fazer.

Gratidão, 
Cláudia.




























A luz que entra ao final do dia na minha janela.
Os cabelos despenteados e desorganizados.
As mãos delicadamente a envelhecer.
O olhar que continua a procurar.