quinta-feira, 31 de março de 2016

Intuição


De onde vem? Não lhe conheço princípio, meio e fim. Só identifico o "agora", espontâneo, indiferente a quem não o sente. Só desperta para quem escuta, estima expectante. O mais profundo toque sem gesto. A ausência de tranquilidade baralha-nos os passos, envolve-se e desvia-nos. Apesar de tudo, continuo aqui.
























































Banana pão assada
Funcho assado em azeite virgem e sal marinho
Cogumelos ostra salteados em azeite virgem
Caldo de coco ralado com limão e vagem de baunilha
Sementes de malagueta e azeite para decorar

Obrigada,
Cláudia


terça-feira, 29 de março de 2016

Ao centro


Faz anos que viajo por este país através dos seus variados ingredientes. Conhecimentos passados por uma família querida que foram permanecendo em recordações que me enriquecem o presente. Ingredientes e combinações, remédios caseiros e cuidado nas conjugações. Metáforas que podem criar distracções às fantasias que os compõem. A delicadeza do corte, o respeito pelo alimento, a precisão da matéria. Não foi preciso muito. Nabo biológico, gengibre fresco, caldo de alga kombu com vinagre de maçã e sal marinho. O toque doce do mel de arroz e os rasgos do concentrado de maçã. Tudo finamente cortado aguardando pela individual mistura. A maçã de porte pequeno veio abençoada do mercado das Caldas da Rainha. Por baixo um assado de batata doce e cenoura. Este já é residente, estão-se a acabar os seus dias de glória.
Distante de um silêncio só meu, readapto-me às surpresas da vida, aos planos que passam a ideias, ao presente sussurro do vento que sopra forte junto a uma das lagoas mais extensas e bonitas em iludido abandono. Há sempre uma lágrima que não foi derramada, um sorriso preso em intenção bloqueada ou um retorno ao passado através de objectos que me fazem duvidar quem éramos, mas que não me fazem duvidar quem sou. Este é o meu centro.


Inspiração Japonesa do livro "Cozinha Japonesa com Hurami"

Kimpira regada com caldo Nanbanzuke (adaptado)
Serve 2 

Ingredientes
50 gr de nabo
50gr de maçã
7gr de gengibre fresco
Caju cru para decorar

1dl de água
2 c. sopa de vinagre de maçã
1 c. café de sal marinho
1 tira de 5cm de alga kombu
1 c. sopa de mel de arroz (bem cheia)
Concentrado de maçã para decorar 

Direcções
Juntar à água, a alga kombu, o sal marinho e o vinagre de maçã
Deixar frever durante 10m
Retitar do lume, juntar o mel de arroz e reservar

Lavar e descascar o nabo, o gengibre e a maçã. (atenção à oxidação da maçã)
Cortar finamente (kimpira)
Servir composto num assado ou numa salada
Verter a quantidade suficiente do caldo
Decorar com o caju picado e o concentrado de maçã


Obrigada,
Cláudia

sexta-feira, 18 de março de 2016

 Superfície
Bolo de limão com ruibarbo e arandos frescos






























Na superfície as ondas agarram tempestades, cruzam-se com a chuva, agarram-se ao vento ou permanecem tranquilas à escuta do som livre. Nas profundezas a densidade é grande, a concentração é justa, respira-se clareza. A luz atravessa as águas e o fundo é atraído oportunamente. Vivemos em cadência livre.

Obrigada aos meus queridos pais.
Cláudia

quarta-feira, 16 de março de 2016

Nabiças 

Um bom molho de nabiças, verde e tenro. Bem lavadas, levemente escaldadas em água fervente e sal marinho. Simples de bonito. Aberto e pleno no seu percurso. A beleza cega do sabor, criação da natureza. O berço da terra, da água, do clima que colaborou com o todo. É assim a vida, que pura alegria. A natureza trata de tudo e tão bem nos coloca no todo.

Nabiça escaldada com molho de miso, sementes de sésamo tostadas e vinagre de cidra.

Obrigada,
Cláudia

sexta-feira, 11 de março de 2016

Celebrar vitórias

Em agradecimento profundo à momentânea inspiração que os alimentos me conferem, às oportunidades infinitas de poder expressar o meu vivido caminho.


































Batatas doces e rabanetes "braseados"

Ingredientes
serve 2

2 batatas doces pequenas (aprox. 200gr)
8 rabanetes biológicos de rama média
3 c. sopa de azeite virgem
2 c. café de sal marinho
1/2 lima
2 ramos de tomilho-limão

Direcções
Lavar bem as batatas e cozer com pele em água fervente e sal marinho (1 c. café)
Descascar, cortar às metades longitudinais e reservar
Lavar os rabanetes e cortar às metades, deixando a rama
Numa frigideira grelha bem quente, colocar 2 c. de azeite
"Brasear" os rabanetes e a batata doce (os rabanetes retirar assim que a folha mirrar, a consistência dos rabanetes deve permanecer rija)
Colocar o tomilho-limão junto à batata, envolvendo-o no azeite
Servir conforme proposto e temperar com o restante azeite, umas gotas de lima (caso necessário rectifique o sal)

Guarnição para pratos principais ou refeição leve.

Obrigada,
Cláudia





terça-feira, 8 de março de 2016

Ir e persistir


Pequenas vagas de calor que nos chegam de mansinho. O Inverno está a ir. Caminhamos pelas ruas encolhidos no frio que nos toca em intensa melancolia. Ansiedade no que está para vir e saudades do que ainda não vimos partir. Vão-se ouvindo os pássaros numa cidade onde os sons apertados se movem em encontrões invisíveis e invasivos
As árvores em silêncio vão-se espreguiçando, abrindo os braços a seu tempo. Erguem-se valentes timidamente despidas. Aguardam pacientemente o que está para vir. Sem futuro, sem perspectivas de "gente".

A aprender alguns pontos, pesquisando o necessário para evoluir no espaço. O ponto de caramelo.

Caramelo de sumo de beterraba com açúcar de coco, cacau cru e sal marinho.

Obrigada,
Cláudia

terça-feira, 1 de março de 2016

Construir e destruir


Aprender a utilizar pensamentos ventosos do dia-a-dia que se atravessam nas traseiras do nosso cérebro. Os becos nem sempre são locais "sem saída". Sob pressão de tempo e espaço reagimos mais rápido, encontramos novas oportunidades, novas hipóteses. É lá que vou muitas vezes, perder tempo, vaguear ao ar livre e respirar. Figurado. Encontro construções e destruições, que resultam bem, às vezes mal. Numa palavra, num rasgo, numa cadeia de peças que se unem e que se ligam, se encaixam e onde crescem ideias.
A prática festeja satisfeita. E sempre espera, esperamos todos, quando chegamos a um beco qualquer onde afinal há sempre, no mínimo, uma saída.




Rabanetes da Fruta Feia, com bicho






Papari, batata doce cozida em leite de coco caseiro com anis e noz moscada, rabanetes "piclados" em sal marinho e vinagre de amora, coentros e gomásio (sementes de sésamo tostadas com sal marinho)

(segue a receita num futuro breve).

Obrigada,
Cláudia