sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Texturas e cores, nem tanto sabores








Um caso inacabado. Na cor cresceu empatia alargando os poderes da memória. Podemos pensar que nada do que criamos é inovador, mas não podemos questionar a ressonante vibração com o "eu". Num todo estamos nós em partes. 
Às vezes sonho que os meus braços são ramos de árvores, em mim crescem amores, a brisa que passa entre os dedos respira a fragrância das flores que se desprendem na Primavera.

Beterraba, couve-flor, nabo, amêndoas, sementes de linhaça e sésamo. Sal e um caril caseiro, esquecido sem indicação do que lhe combina. Pelo cheiro tem canela e funcho. Provo, está ardente.
No forno vão secando e largando a água que lhes pertence. A textura é estranha, a cor esmoreceu e trouxe uma nova emoção. Não desconsideremos a tristeza, faz parte.
Este dia revelou-se intenso, completou-se com a esperança do que poderá vir até nós. 


Ao segundo dia juntou-se a acelga. 

Quando nos deslocamos do ângulo comum, tudo muda.
A mistura desidratada envolveu-se em azeite, açafrão e sal. As folhas foram salteadas e terminaram em terno encosto. Larguei os talheres. Resolvi comer com as mãos lembrando a cultura Indiana que sussurra baixinho em lembranças coloridas de sons divinos e crentes. Quando se sente um cheiro, vem um tempo, recorda-se um momento. Um passado que se quer santo.





Obrigada,
Cláudia

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