Começar o dia, deixar a noite
Há muitos dias que começo o dia a cozinhar.
Hoje foram as couves. Sem óculos não lhes vejo as pontas que o agricultor arrancou.
Vai tudo, são frescas.
Esta ação espontânea que me liga de imediato ao alimento, ao fogo e à relação que temos com aquilo que a vida nos dá. Uma afirmação que preciso de dar, em resposta ao investimento que fiz. A terra dá, nós transformamos.
Uma frase soou um dia: quero colher, não quero comprar.
Debato-me com esta relação. O verbo, a ação, a intenção, a ideia, a realização e a frustração.
Frustrante, sem resultados.
Deixar essa sensação libertar-se escorrendo, sem lhe dar importância.
Matéria que vive o seu caminho sem pedir licença.
Uma pausa nos conceitos, na vida, nas perguntas sem respostas.
Numa frustração que alcança o topo sem esperar que a vista seja aquilo que sempre foi.
Gratidão,
Cláudia
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